E sorrio. E estou em paz. E sinto-me íntegra, inteira, completa. Leve. Grata.
A vida abraça-me e eu abraço-a de volta.
Continuo curiosa. Continuo a gostar de surpresas e de aprender.
Não tenho nada a provar. Não tenho ressentimentos. Não carrego pesos do passado. Estou livre de culpas e de medos.
Não tenho medo de morrer. Confio na continuidade da vida.
Estou bem acompanhada. Tenho mimos, carinho, amizade, amor.
Sou dona do meu corpo e da minha mente. Tenho saúde e clareza. O meu corpo fala comigo e eu amo-o, respeito-o, cuido-o, mimo-o.
Adoro abraços e beijos e festinhas.
Ainda gosto de me arranjar e ainda sou capaz de traquinices. Ainda tenho fogo em mim, ainda desperto elogios e desejo.
Tenho um cabelo grisalho de vários tons, que gosto de escovar e de colocar num totó.
As crianças, os gatos, as flores, as árvores, as estrelas, fazem-me sorrir.
Estou feliz. Vivo o momento, sem pressa.
Honro o meu caminho até aqui, as escolhas, os passos. Tem sido um caminho mágico de libertação e cura e expansão.
A vida é bela. A vida é mágica. A vida vale a pena.
Eu sou profundamente amada.
Eu pertenço ao mundo. O mundo vive em mim.
A minha criança continua viva.
O meu coração está sempre quentinho.
* Texto escrito no âmbito dum exercício que nos convidou a imaginar o que celebraríamos da nossa vida ao fazer 80 anos, e a escrevê-lo no presente
Lina Afonso | De Corpo e Alma
fevereiro 2020